Os sorrisos serão a constante, num nunca total bem estar, mas já nem isso importa, porque isso foi. Agora, é tempo de limpar a casa, repor as flores do vaso que dão cheiro ao corredor de entrada, limpar o pó dos móveis, passar o chão a pano. Deixar a casa a brilhar. A chegada será fantástica. Tudo estará nos conformes. Nada passará em vão e todos irão ver os sorrisos de novo a esvoaçar na cara redonda.
E no outro lado tudo arde. Tudo arde e tudo se destrói e a sensibilidade não se questiona, porque nem para lá está voltada. É tempo de extremos. É tempo de questões e de antagonismos. É tempo de morte e de exploração e de escravidão e a vida corre e vai indo porque assim fizeram-na andar.
Mais do que um limpar da casa, há que saber como limpá-la. Mais do que olhar para a estrada, há que saber caminhar nela. Mais do que falar do ser humano, há que sê-lo.
É tempo mais do que de limpezas. É tempo de renovações; de espírito, de alma, de amor. Renovar o amor, não para um dia que se avizinha mais ou menos festivo entre casais; mas renovar o amor na sua essência, na sua complexidade simples de ser universal. De ser mais e ser maior. De ser tudo o que é ao redor, porque a natureza é paz.
Se tanto se luta por amor, que se lute por deixar a luta de lado e simplesmente que se seja amor. Porque antes na terra, do que debaixo dela antes do tempo. Porque antes o sonho do que o pesadelo que se manifesta. Porque antes o mais, do que o menos que vem sendo tanto.
É tempo de repor o jardim. De repor as flores que fazem o jardim receber as abelhas na busca pelo mel. É tempo de receber as abelhas pelo mel, e convidá-las a tomar um chá com esse mel. Nada mais do que um sorriso, nada mais do que aceitação. Nada mais do que direitos. Sempre tudo com o propósito global. “não me emprenhem mais pelos ouvidos”, chega de sermos fechados, porque se a compreensão chega longe, mais longe podem chegar os actos. E se a esperança ainda significa algo neste mundo de loucos, que valha a pena então usá-la para cumpri-la.
Que se percebam as diferenças para torná-las em igualdades. Não é utopia, é consciência.
Façamos com que o viver seja belo e seja imenso e seja vida.
Havemos de nos encontrar às portas do arco-íris; porque o sonho é tão real quanto o que o fizermos ser. E é tempo de o fazer ser.
A realidade precisa de sonho, e é preciso neste momento uma paleta bem cheia de luz. Sejamos essa luz para que nunca mais se tenha que fugir nem se queira fugir, e se viva a felicidade na terra assim como ela é.
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