E eu deixo. Deixei e deixaria de novo. Deixaria acontecer porque o amor é mais perto. Tu sabes. Não, não toques aí que já não sinto. Não, aí é somente um buraco negro que existe. Sim. Tu sabes bem. Embrenhei a força do sentir e esqueci. E agora...sonho só sonho e sonho e sonhos e mortes. E pesadelos infindáveis do amor e do amar. E a desilusão e o sem querer partir, e o partir a ficar mas estando longe. Só o hoje, mas sem o nada, porque nem o tudo basta. E se amar fosse mais, eu queria ser menos, mas sempre fui mais e agora nem sou, nem és nem somos, mas fomos e ficamos apesar de nunca mais voltar, mas é. Porque foi. Mas não será, porque já deixou de ser. E não mais. Mas mais tudo. E paro agora...
Mas continuo porque não consigo, mas tento. Eu tento mas não consigo. Eu sei que não consigo, mas paro para tentar... e se me esforçar mais morro, e então renasço. Eu quero e quis, mas agora é tarde e vim aqui. E fui. Parti.
Fiquei para que soubesses que nunca mais poderíamos ser. Mas somos. Seremos porque sempre fomos. Talvez não seja o sempre sempre a ser, mas sempre fomos e agora é um adeus. Eu desiludo e iludo-te, mas tu é que iludiste e eu desiludo-me. E eu quero e não sou eu a querer. Eu só quero o mais que não sou. Eu só quero ar para gritar ao infinito do copo meio cheio de vinho que me trespassa a alma de arco-íris negro. Só quero ficar longe para poder sentir o fogo que me refresca e saber que se o amor é mais eu sou sempre menos, mas se o amor é menos, então eu nem sequer fui. E se mesmo depois disto existem dúvidas eu só quero que saibam que a história é o que eu faço, o amor é o que eu não sou, e eu não sou de facto eu. Se o fado que insisto em ter é metal, então fico a ouvir o cantar dos pássaros. Porque tu és longe, és hoje e infinito. És forma de ser ridículo, és, és, és,és e eu deixo. Eu consinto porque sinto, mas não amo. E não te amo. E se sofro agora talvez um copo de água me salve. Por isso pego na panela de água a ferver para servir de moleta, de âncora. Sirvo-me do estar longe. E sirvo-me ainda mais deste buraco negro que não criaste.
Porque o mais mágico, é que nada criaste, nem nada deixaste, nem nada me fizeste, nem nada eu senti. E assim é o meu fim. Sem o buraco negro porque ele não foi criado. Sem o prazer de ser espezinhado. Mas ainda assim estou de todas essas maneiras. Porque tu nada fizeste e nada criaste, mas tudo me deste e tudo me tiraste. Mas nada me fizeste e agora é só sonho e sonho e sonhos e mortes. Porque agora eu morro como nasci e nasço a morrer sem ti, desde sempre.
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