Nós, constantemente, insistimos em ter de ver a terra nos sorrir. Insistimos que a terra tem a obrigação de nos dar, e dar e dar ainda mais. Que o mundo é sempre pouco e por isso escavamos, e dilaceramos e vamos até onde nem sequer nos aguentamos, só pelo mesquinho prazer de ter o mais por esticão. A terra não nos deve nada. Nem nada nos deve nada. Porquê essa insistência em ter que ter, em ter que ser dono? Porquê essa insistência? A terra, o mundo, o espaço, não são nossos. Nós somos pertencentes dele. Nós somos matéria que constitui. Para quê escolhermos ser cancro?
Percebam:
a terra sorri porque lhe roubamos o sorriso.
Que não se faça com que ela nos tenha que sorrir somente, mas que simplesmente se sorria com ela.
Devolva-se o sorriso à terra. Devolva-se à terra o que dela é, o que dela somos, o que dela emana. Sejamos espelhos para com ela, e aí sim, nem nada teremos que pedir nem buscar, porque quando a terra floresce a magia é tão expansiva quanto o infinito do universo existente.
